Muito comum na população mundial, sobretudo em idosos, a retração gengival é caracterizada pela perda de inserção das fibras gengivais em relação ao dente, provocando exposição da raiz dentária. O problema, que pode afetar um ou mais dentes, desenvolve-se lentamente e causa sensibilidade exagerada, dificuldade de higienização, comprometimento estético e maior suscetibilidade a cáries e infecções gengivais.
A retração gengival pode ter várias razões, mas, em geral, trata-se de uma alteração multifatorial. Os fatores que contribuem para a retração da gengiva são classificados em inflamatórios, mecânicos e iatrogênicos. São consideradas causas inflamatórias todas as doenças periodontais destrutivas de origem microbiológica, como por exemplo a placa bacteriana. Os fatores mecânicos dizem respeito a problemas ortodônticos, como apinhamento dentário, posição alta dos freios labiais e mau posicionamento lingual.
A iatrogenia (segundo o dicionário Aulete, “doença ou alteração patológica decorrente de medicamento ou tratamento médico”), por sua vez, merece destaque especial, pois está relacionada a efeitos colaterais resultantes de ações específicas que poderiam, muitas vezes, ser evitadas. A escovação inadequada, por exemplo, está entre os motivos mais comuns da retração gengival. Neste caso, ela se dá a partir da fricção exagerada durante a escovação. Isso acontece quando o paciente usa escova de dentes com cerdas muito duras ou aplica força em excesso. Nestas situações, o contato gera um traumatismo no tecido gengival, que se desloca e expõe a raiz.
Os fatores iatrogênicos também contemplam a presença de piercing bucal, hábitos prejudiciais à saúde oral, alterações geradas por movimentação ortodôntica, instalação de próteses dentárias, cirurgias ortognáticas e restaurações. Todos esses casos, ligados a procedimentos odontológicos, não necessariamente significam erro de conduta. Eles podem simplesmente ser consequências intrínsecas dos tratamentos, da mesma forma que a quimioterapia resulta em queda de cabelo nos pacientes que combatem o câncer, por exemplo.
O tratamento da retração gengival varia conforme as causas do problema. Em geral, os fatores causadores devem primeiramente ser removidos. Só depois inicia-se o procedimento de recobrimento da gengiva, que pode ser feito como enxerto de outra área saudável do tecido ou com uma resina restauradora. Nos casos em que os fatores causais não podem ser eliminados, o tratamento é apenas paliativo, amenizando a sensibilidade e suscetibilidade causadas pela retração.
Por fim, vale lembrar que a prevenção é a melhor forma de evitar a retração gengival. Para isso, cuide sempre da higiene oral sem exageros na força utilizada e visite o dentista regularmente, a fim de identificar possíveis causadores do problema antes que ele se agrave.
Texto por Dra Kamila Godoy - Ortodontista da AB Saúde
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